domingo, outubro 10, 2010

Amor é isso, deixar livre.

- Acho que esta é a última vez que nos vemos. Quer dizer, aqui neste lugar que costumava ser nosso.
- Não estou entendendo o que você quer dizer.
- Preciso te falar algumas coisas, antes que chegue a hora de ir para a rodoviária e por fim nisto tudo. Quer dizer, antes de ir para a rodoviária e começar um outro capítulo nesta minha vida.
E, para isso é preciso que eu termine o último capítulo, não é isso?
- Onde você vai?
- Não importa agora, só preciso que você ouça. É importante.
- Estou ouvindo, foi por isso que vim.
- Bem, é complicado recomeçar algo que eu queria que continuasse, mas a vida é feita de escolhas e eu não fui a sua. Talvez tivesse sido se eu tivesse entrando na sua vida há cino, seis anos atrás, mas eu ainda era uma criança e infelizmente eu só te admirava de longe. Te admirava sem saber que a qualquer momento você despertaria em mim algo tão calmo, tão vivo, tão misterioso, tão deliciosa de sentir. E , fugindo do convencional, do clichê é diferente. Você sabe que é, dessa vez eu consegui guardar só para mim. Porque me parecia que não era nem um pouco arriscado viver com isso dentro de mim, mesmo ganhando a proporção que foi tomando com o tempo.
Tive medo de me perder no abismo de seus olhos negros este tempo todo. Mas, em algum momento nós tocamos o que mais profundo uma pessoa pode alcançar na outra - pelo menos você conseguiu mexer comigo. Tudo bem, que depois daquele mês eu nunca mais te procurei, nunca mais te olhei como se quisesse algo, mas no fundo eu queria. No fundo, eu queria me saciar de você até que eu não sentisse mais fome do mundo, eu quis você.
- Porque não me disse antes?
- Não me interrompa. Eu desejei que você fosse minha, mesmo não sendo, e eu tinha medo de te perder. Então guardei você, seu deliciosa cheiro, seus olhos negros, e a menina encantadora, doce e apaixonante dentro de um cofre, e tive que removê-la para fora, para o coração mesmo porque lá poderia ganhar a proporção que quisesse... E, olha a hora. Estou indo antes que o ônibus vá sem mim.
- Porque não me disse isso antes?
- Por que você não pode me ver da mesma maneira que te vejo. E eu não posso te ter.
- Mas eu queria saber disso, você poderia ter me contado.
- Esse fato não mudaria nada do que você sente pela sua namorada. Se cuida meu amor.

Então Carol partiu em busca de uma vida nova. Não chorou, não desmoronou por dentro. Não deixou nada escapar, a não ser a pessoa que sempre amou.

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